O Paquistão (em
urdu پاکستان , oficialmente República Islâmica do Paquistão, اسلامی جمہوریۂ
پاکستان), é um país do Sul da Ásia. Localizado na região onde convergem o Sul
da Ásia, a
Ásia Central e o Oriente Médio , o país limita com o Irã e o Afeganistão a oeste,
a China a nordeste e a Índia a leste, ademais de ser banhado pelo Mar Arábico
ao sul, com um litoral de 1.046 km de extensão.
O Paquistão é o sexto país do mundo em população e
possui uma das maiores populações muçulmanas do planeta. Seu território pertenceu
à Índia Britânica e tem uma longa história de assentamento e civilização,
inclusive a civilização do Vale do Indo. A região já foi invadida por gregos, persas,
árabes, afegãos,turcos e mongóis. Foi incorporado à Índia Britânica no século
XIX. Desde a sua independência, o país tem se caracterizado por períodos de
crescimento militar e econômico intercalados com instabilidade política.
O país foi oficialmente fundado como o Domínio do
Paquistão em 1947, sob a chefia de Muhammad Ali Jinnah e a Liga Muçulmana, e
foi renomeado República Islâmica do Paquistão em 1956. O Paquistão foi membro
fundador da Organização da Conferência Islâmica, da Associação Sul-Asiática
para a Cooperação Regional, do D8 e da Organização para Cooperação Econômica.
Também é membro das Nações Unidas, da Organização Mundial do Comércio, do G33 e
do Grupo dos 77. O Paquistão é uma potência nuclear, com um arsenal de armas
atômicas.
Sua capital é Islamabad e sua maior cidade, Karachi.
Etimologia
Segundo J.P. Machado, o topônimo "Paquistão"
foi criado em 1933 por Chaudhary Rahmat Ali para designar as regiões muçulmanas
a noroeste da Índia, a partir das iniciais de Pandjab (Panjabe), Afghan (para
os povos afegãos da área) e Kashmir (Caxemira), com o sufixo –stan (que
representa o Baluchistão e significa "terra" em persa), formando
PAKSTAN. Os paquistaneses relacionam o topônimo com o vocábulo pak
("puro", em persa e urdu), que daria ao nome do país o sentido de
"Terra dos Puros".
História
Muhammad Ali Jinnah, fundador do Paquistão.
O Estado moderno do Paquistão foi criado em 14 de
agosto de 1947, na forma de dois territórios majoritariamente muçulmanos nas
porções leste e noroeste da Índia Britânica, separados pela Índia, de maioria hindu.
Integravam o Paquistão independente as províncias do Baluchistão, Bengala
Oriental (futuro Paquistão Oriental e, mais tarde, Bangladesh), Fronteira
Noroeste, Panjabe Ocidental e Sinde. A partilha da Índia Britânica resultou em
distúrbios na Índia e no Paquistão - milhões de muçulmanos mudaram-se para o Paquistão,
e milhões de hindus e siques mudaram-se para a Índia. Surgiram controvérsias
entre os dois novos países quanto a diversos Estados principescos, como Jammu e
Caxemira, cujo governante aderiu à Índia após uma invasão de guerreiros pachtos;
como consequência, a Primeira Guerra Indo-Paquistanesa (1948) terminou com a
ocupação pela Índia de cerca de dois-terços de Jammu e Caxemira.
Entre 1947 e 1956, o Paquistão foi um Dominio na Comunidade
Britânica de Nações. A república, declarada em 1956, assistiu a um golpe de
Estado por Ayub Khan (1958-1969), que presidiu o país durante um período de
instabilidade interna e asegunda guerra com a Índia, em 1965. Seu sucessor,
Yahya Khan (1969-1971), teve que lidar com o ciclone que causou500 000 mortes
no Paquistão Oriental.
A eclosão de
discordâncias econômicas e políticas no Paquistão Oriental levou a uma violenta
repressão política, que fez com que as tensões escalassem até chegar à guerra
civil, conhecida como guerra de independência do Bangladesh, e a um novo
conflito com a Índia. Como consequência, o Paquistão Oriental declarou-se
independente, com o nome Bangladesh, em 1971. As estimativas sobre o número de
mortos nesse episódio variam consideravelmente, entre mais de 30 000 e menos de
2 milhões, a depender da fonte.
Entre 1972 e 1977, os civis voltaram a governar o
país, sob a chefia de Zulfikar Ali Bhutto, até que este foi deposto e
posteriormente sentenciado à pena de morte, quando o General Zia-ul-Haq se
tornou o terceiro presidente militar do Paquistão. Zia substituiu as políticas
seculares pelo código legal da charia islâmica, o que aumentou a influência
religiosa sobre o funcionalismo público e os militares. Com a morte de Zia num
acidente aéreo em 1988, Benazir Bhutto, filha de Zulfikar Ali Bhutto, foi
eleita para o cargo de primeira-ministra do Paquistão - a primeira e única
mulher a ocupar o posto. Ao longo da década seguinte, Benazir alternou-se no
poder com Nawaz Sharif, enquanto que a situação política e econômica do país
piorava.
O Paquistão enviou 5.000 soldados à Guerra do Golfo,
em 1991, para proteger a Arábia Saudita. Às tensões militares durante o conflito
de Kargil com a Índia seguiu-se um golpe de Estado, em 1999, no qual o General Pervez
Musharraf assumiu o poder Executivo. Em 2001, Musharraf autonomeou-se
presidente, com a renúncia forçada de Rafiq Tarar. Após as eleições
legislativas de 2002, Musharraf transferiu os poderes executivos para um
recém-eleito primeiro-ministro, Zafarullah Khan Jamali. Em 15 de novembro de
2007, o mandato da Assembléia Nacional expirou, o que levou à constituição de
um governo provisório chefiado pelo ex-presidente do Senado, Muhammad Mian
Soomro. O assassinato em dezembro de 2007 de Benazir Bhutto reflete a
instabilidade do sistema político paquistanês.
Em setembro de 2008, Musharraf renunciou à
presidência do país, que após eleições indiretas, elegeu Asif Ali Zardari,
viúvo de Benazir Bhutto, como presidente.
Geografia
O K2, com 8 611 metros, é o segundo mais alto monte
do mundo.
A área do Paquistão é de 881 640 km², equivalente à
soma das superfícies de França e Reino Unido (ou de Minas Gerais e Rio Grande
do Sul, no Brasil). A região leste do país encontra-se sobre a placa tectônica
indiana, enquanto que as regiões oeste e norte estão no planalto iraniano e
sobre a placa eurasiática. Com 1 046 km de litoral no mar Arábico, o Paquistão
possui 6 774 km de fronteiras - 2 430 km com o Afeganistão a noroeste, 523 km
com a China a nordeste, 2 912 km com a Índia a leste e 909 km com o Irã a
sudoeste.
Os acidentes naturais encontrados no país incluem
desde praias arenosas, lagunas e manguezais, na costa meridional, até florestas
temperadas e os picos gelados do Himalaia, do Caracórum e do Hindu Kush, ao
norte. Estima-se que o país possua 108 picos acima de 7 000 m, cobertos por
neve e geleiras. Cinco das montanhas do Paquistão ultrapassam os 8 000 m. O rio
Indo corta o país de norte a sul, descendo do planalto tibetano (Caxemira) até
desaguar no mar Arábico. A oeste do Indo estão os desertos secos e acidentados
do Baluchistão; a leste, o deserto de Thar. O Panjabe e partes do Sinde são
formados por planícies férteis com importante atividade agrícola.
O clima é variado, com invernos frios e verões
quentes no norte, e com um clima ameno no sul, moderado pela influência do
oceano. No centro do país, os verões são muitos quentes, com temperaturas que
podem atingir 45º C, seguidos de invernos bem frios, com freqüência abaixo de
zero grau. A precipitação é baixa, entre menos de 250 mm e mais de 1 250 mm, em
geral trazida pelas monções de sudoeste no final do verão.
Demografia
Densidade populacional do Paquistão.
A população estimada do Paquistão em 2010 foi mais
de 170 milhões tornando-o sexto país mais populoso do mundo, atrás do Brasil e
à frente da Rússia. Em 1951, o Paquistão tinha uma população de 34 milhões. A
taxa de crescimento da população está agora em 1,6%. A maioria da população do
sul do Paquistão vivem ao longo do rio Indus. Pelo tamanho de população, Karachi
é a maior cidade do Paquistão. Na metade norte, a maioria da população vive em
um arco formado pelas cidades de Lahore, Faisalabad, Rawalpindi, Islamabad, Gujranwala,
Sialkot, Gujrat, Jhelum, Sargodha e Sheikhupura. Cerca de 20% da população vive
abaixo da linha de pobreza internacional US$ 1,25 por dia.
A expectativa de vida ao nascer é de 63 anos para
mulheres e 62 anos para os homens em 2006 em comparação com a expectativa de
vida saudáveis ao nascer, que foi de 54 anos para os homens e 52 anos para as
mulheres em 2003. Despesas com saúde foi de 2% do PIB em 2006. A taxa de
mortalidade inferior a 5 foi de 97 por 1.000 nascidos vivos em 2006.Durante
1990-2003, o Paquistão manteve uma liderança histórica como o país mais
urbanizado do Sul da Ásia, com os moradores da cidade, perfazendo 36% da sua
população. Além disso, 50% dos paquistaneses agora residem nas cidades de 5.000
pessoas ou mais.
O Paquistão é um país multilíngüe com mais de
sessenta línguas sendo faladas. Inglês é a língua oficial do Paquistão, e
utilizado em missão oficial, do governo e contratos legais, e Punjabi tem uma
pluralidade de falantes nativos, Urdu é a língua franca e língua nacional do
Paquistão. Punjabi é a língua da província de Punjab. Saraiki também é falado
na área maior da província de Punjab. Pashto é a língua da província de Khyber
Pakhtunkhwa. Sindhi é a língua da província de Sindh e Balochi é a língua da
província de Balochistan.
A população do Paquistão é estimada em 162 508 000
habitantes em fevereiro de 2008, a sexta maior do mundo, logo após a do Brasil.
Prevê-se que a população paquistanesa ultrapasse a brasileira em número por
volta de 2020, devido à alta taxa de crescimento populacional. Apesar das
dificuldades inerentes à baixa exatidão do censo e das pesquisas relativas à taxa
de fertilidade, os demógrafos crêem que o crescimento populacional atingiu o auge
na década de 1980, reduzindo-se consideravelmente desde então. Para uma
população estimada em 162 400 000 habitantes em 1 de julho de 2005, a taxa de fertilidade
era de 34 por mil, a taxa de mortalidade era de 10 por mil e o crescimento
vegetativo, de 2,4%. A taxa de mortalidade infantil é alta, da ordem de 70 por
mil nascimentos.
Os principais grupos étnicos do país são os panjabis
(44,68% da população), os pachtos (15,42%), os sindis (14,1%), os seraikis (10,53%),
os muhajires (7,57%), os balúchis (3,57%) e outros (4,66%). Em novembro de
2007, cerca de 2 milhões de refugiados afegãos continuavam registrados no
Paquistão, devido à guerra e à instabilidade no Afeganistão.
A língua materna em geral corresponde ao grupo
étnico no país. Apesar de ser a língua materna de uma minoria, o urdu é o
idioma nacional e a língua franca do Paquistão, enquanto que o inglês é a língua
oficial, usada na constituição e amplamente empregada nos negócios e nas
universidades pela elite urbana culta. O panjabi é falado por mais de 60
milhões de pessoas, mas não goza de reconhecimento oficial no país.
A demografia
religiosa foi fortemente influenciada pelo movimento transfronteiriço de 1947
entre o Paquistão e a Índia. Naquele ano, houve uma maciça imigração de
muçulmanos da Índia para o Paquistão e de hindus e siques no sentido oposto. O
censo indica que 96% da população são muçulmanos (cerca de 77% são sunitas e
20%, xiitas). As minorias religiosas incluem hindus (1,85%), cristãos (1,6%),
ademais de alguns poucos representantes siques, parses, ahmadis, budistas, judeus
e animistas. O Paquistão é o segundo país de maioria muçulmana mais populoso do
mundo, e possui a segunda maior população xiita do planeta.
Religião
St. Patrick's Cathedral, Carachi
Um censo realizado pelo Pakistan International
Bureau (Agência Internacional Paquistanesa) indicou que em 2008 aproximadamente
96% da população do Paquistão era muçulmana. Existem pequenos grupos religiosos
não-muçulmanos: cristãos, hindus, sikhs, budistas, zoroastristas, bahá'ístas, animistas
e outros, totalizando 2% da população. A maioria dos muçulmanos eram sunitas,
estimando-se que os xiitas representariam entre 10 e 20% da população.
Metade da população do país é adepta da corrente
mística do Islã, o sufismo.
Política
Sede do Parlamento do Paquistão, em Islamabad.
Pelos primeiros nove anos após a independência, o
governo do Paquistão baseou-se no Government of India Act, de 1935 (a última constituição
da Índia Britânica). A primeira constituição paquistanesa, promulgada em 1956,
foi suspensa em 1958 pelo General Ayub Khan. A constituição de 1973, suspensa
em 1977 por Zia-ul-Haq, foi retomada em 1991 e é o documento legal mais
importante do país.
O Paquistão é uma república parlamentarista federal
que tem o Islã como religião oficial. O poder Legislativo é bicameral e
divide-se entre o Senado, com 100 cadeiras, e a Assembleia Nacional, com 342
assentos. O presidente, escolhido por um colégio eleitoral, é o chefe de Estado
e o comandante-em-chefe das forças armadas. O primeiro-ministro é geralmente o
chefe do maior partido representado na Assembleia Nacional. Cada província
possui um sistema de governo similar ao federal, com uma assembleia provincial
eleita pelo voto direto na qual o líder do maior partido é o chefe de governo.
Os governadores provinciais são nomeados pelo presidente.
As forças armadas paquistanesas têm desempenhado um
papel influente na política do país. Ao longo da história, presidentes
militares governaram entre 1958-88 e de 1999 em diante. O PPP, de esquerda,
chefiado por Zulfikar Ali Bhutto, emergiu como um grande partido político
durante os anos 1970. Durante o governo militar de Muhammad Zia-ul-Haq, o
Paquistão deixou para trás as políticas de secularismo herdadas do Reino Unido,
ao adotar a charia e outras leis baseadas no Islã. Os anos 1990 foram
caracterizados por um sistema político de coalizão dominado pelo PPP e pela Liga
Muçulmana.
Nas eleições gerais de outubro de 2002, a Liga
Muçulmana do Paquistão ganhou a maioria dos assentos da Assembleia Nacional,
seguido por uma facção do PPP, os Parlamentares do Partido do Povo Paquistanês
(PPPP). Zafarullah Khan Jamali, da Liga Muçulmana, tornou-se primeiro-ministro,
mas renunciou em 26 de junho de 2004 e foi substituído interinamente por
Chaudhry Shujaat Hussain. Em 28 de agosto de 2004, a Assembleia Nacional elegeu
Shaukat Aziz, até então o ministro da Fazenda, como primeiro-ministro. A Muttahida
Majlis-e-Amal, uma coalizão de partidos religiosos islâmicos, venceu eleições
na província da Fronteira Noroeste, ampliando sua bancada na Assembleia
Nacional.
Em 3 de novembro de 2007, o Presidente Pervez
Musharraf declarou estado de emergência e suspendeu a constituição. Chefes
políticos da oposição foram colocados em prisão domiciliar e o presidente da
Suprema Corte foi substituído. Em resposta, a Comunidade Britânica de Nações suspendeu
a participação do país em suas deliberações.
Depois de eleições em Fevereiro de 2008, a
"Commonwealth" retirou a suspensão.
Míssel com capacidade nuclear Hatf VII.
Forças armadas
De caráter completamente voluntário, as Forças
Armadas do Paquistão são as sétimas maiores do mundo. As três principais forças
são o Exército, a Marinha e a Força Aérea, apoiadas por algumas organizações
paramilitares responsáveis pela segurança interna e pela patrulha das
fronteiras.
O Paquistão é uma potência nuclear.
As forças armadas paquistanesas estão entre os
maiores contribuintes de tropas para operações de manutenção da paz das Nações
Unidas; mais de 10 000 homens foram empregados nessa área em 2007. O Paquistão
enviou um contingente à primeira guerra do Golfo.
Relações exteriores
O Paquistão participa ativamente das Nações Unidas
e da Organização da Conferência Islâmica. Integra também a Associação Sul-Asiática
para a Cooperação Regional e a Organização para Cooperação Econômica. No
passado, as relações do Paquistão com os Estados Unidos passaram por períodos
de aproximação e de afastamento. Nos anos 1950, o país, membro da CENTO e da SEATO,
era visto pelos Estados Unidos como o "aliado mais aliado na Ásia".Durante
a invasão soviética do Afeganistão, nos anos 1980, o Paquistão foi um aliado
crucial dos Estados Unidos, mas as relações esfriaram nos anos 1990, com a
aplicação de sanções pelos Estados Unidos, que suspeitavam as atividades
nucleares paquistanesas. A partir dos ataques de 11 de setembro de 2001, as
relações bilaterais melhoraram, especialmente depois que o Paquistão deixou de
apoiar o regime dos talibãs, em Cabul. Com isto, a ajuda militar estadunidense
foi fortemente ampliada.
Subdivisões
O Paquistão é uma federação com quatro províncias,
um distrito federal e áreas tribais administradas pelo governo federal. O
governo paquistanês exerce jurisdição de facto sobre partes da Caxemira, : a
chamada Caxemira Livre e as Áreas do Norte. O Paquistão também reivindica o estado
indiano de Jammu e Caxemira.
O terceiro nível de divisão administrativa do país
é composto por distritos, subdivididos em tehsils e conselhos locais. Cada
nível conta com órgãos eleitos. Atualmente há 107 distritos no Paquistão
propriamente dito. As áreas tribais compreendem diversas "agências" e
seis pequenas regiões de fronteira, enquanto que a Caxemira Livre é formada por
sete distritos e as Áreas do Norte, por seis.
Províncias e territórios do Paquistão.
Províncias
Baluchistão
Província da Fronteira Noroeste
Punjab
Sind
Territórios
Território da Capital Islamabad
Território federal das Áreas Tribais
Partes da Caxemira administradas pelo Paquistão
Caxemira Livre (ou Azad Kashmir: "azad"
significa "livre" em urdu)
Gilgit Baltistão
Economia
Vista da rodovia I. I. Chundrigar em Karachi, o centro
financeiro do país.
O Paquistão é um país em desenvolvimento com um
rápido crescimento econômico (7% anuais por quatro anos consecutivos até 2007.)
e um grande mercado emergente. Apesar de ter sido um país pobre em 1947, a taxa
de crescimento econômico do Paquistão foi mais alta do que a média mundial
durante as quatro décadas seguintes. Embora políticas imprudentes tenham
reduzido o ímpeto da economia no final dos anos 1990, reformas econômicas
recentes voltaram a acelerar o crescimento do país, em especial na área de
manufaturas e de serviços financeiros. A situação cambial melhorou
consideravelmente, com o acúmulo de divisas. A dívida externa, estimada em
cerca de USD 40 bilhões, foi reduzida nos últimos anos devido à assistência do FMI
e ao auxílio financeiro dos Estados Unidos.
Estima-se que o PIB paquistanês (PPC) em USD 475,4
bilhões e a renda per capita, em USD 2 942. A taxa de pobreza é estimada entre
23% e 28%. As taxas de crescimento econômico do Paquistão têm sido altas
nos últimos cinco anos terminados em 2007, mas as pressões inflacionárias e um
baixa poupança nacional, dentre outros fatores, podem dificultar a manutenção
desse ritmo.
A estrutura da economia paquistanesa passou de uma
base predominantemente agrícola para outra fortemente ligada ao setor de
serviços. A agricultura hoje responde por cerca de 20% do PIB, enquanto que o
setor de serviços corresponde a 53% do PIB, dos quais 30% referem-se ao comércio
de atacado e de varejo. O país tem recebido investimento direto estrangeiro em
diversas áreas, como telecomunicações, imóveis e energia. Software, automóveis,
têxteis, cimento, fertilizantes, aço, construção naval, indústria bélica e segmento
aeroespacial também são setores industriais importantes.
Em novembro de 2006, China e Paquistão assinaram um
acordo de livre comércio com o qual pretendem triplicar o comércio bilateral,
de USD 4,2 bilhões para USD 15 bilhões nos próximos cinco anos. As exportações
paquistanesas em 2007 atingiram USD 20,58 bilhões.
Cultura
O Paquistão possui uma rica e singular cultura que
preserva tradições estabelecidas ao longo da história. Muitos hábitos,
alimentos, monumentos e santuários são herança dos impérios mogol e afegão. O
traje nacional, chamado shalwar qamiz, é proveniente de invasores nômades
turco-iranianos da Ásia Central. Nos centros urbanos os trajes ocidentais são
populares entre a juventude e os empresários.
A sociedade paquistanesa é multilingüística e
predominantemente muçulmana, que tem em alta conta os valores familiares
tradicionais, embora as famílias urbanas tenham adotado o sistema do núcleo
familiar, devido às restrições sócio-econômicas impostas pelo sistema
tradicional. As últimas décadas assistiram ao surgimento de uma classe média em
cidades como Karachi, Lahore, Rawalpindi, Hiderabade, Faisalabad e Peshawar,
cujos integrantes são considerados liberais, por oposição às regiões a noroeste,
na fronteira com o Afeganistão, que permanecem conservadoras e dominadas por
costumes tribais centenários. A globalização aumentou a influência da cultura
ocidental no país. Cerca de quatro milhões de paquistaneses vivem no exterior,
dos quais quase meio milhão residem nos Estados Unidos e cerca de uma milhão,
na Arábia Saudita. Aproximadamente um milhão de descendentes de paquistaneses
vivem no Reino Unido.
Música
A música paquistanesa vai de melodias folclóricas provinciais
e estilos tradicionais até formas modernas que fundem música ocidental e
tradicional. A chegada de refugiados afegãos nas províncias ocidentais reavivou
a música pachta e persa e transformou Peshawar num foco para músicos afegãos e
num centro de distribuição da música do Afeganistão.
Arquitetura
A arquitetura da região correspondente ao atual
Paquistão passou por quatro períodos históricos distintos, o pré-islâmico, o
islâmico, o colonial e o pós-colonial. A civilização do Vale do Indo, surgida
em meados do terceiro milênio a.C., permitiu o desenvolvimento de uma cultura
urbana avançada pela primeira vez na área, com grandes instalações estruturais
que, em alguns casos, ainda existem. Mohenjo Daro, Harappa e Kot Diji pertencem
à era de assentamentos pré-islâmicos. A chegada do budismo e a influência persa
e grega levou ao desenvolvimento do estilo greco-budista a partir do século I.
O zênite desta época foi o estilo Gandhara. As ruínas do mosteiro budista de
Takht-i-Bahi, na Província de Noroeste, são um exemplo da arquitetura budista.
A chegada do Islã na região provocou o fim súbito
da arquitetura budista. Ocorreu então uma transição para uma arquitetura
islâmica sem representação de imagens. O edifício mais importante do estilo
persa é a tumba do Xá Rukn-i-Alam, em Multan. Durante a era mogol, elementos
artísticos da arquitetura islâmico-persa produziram formas freqüentemente alegres
da arquitetura hindustâni. Lahore, residência episódica dos governantes mogóis,
contém um bom número de edifícios importantes da era mogol, como a mesquita
Badshahi, a fortaleza de Lahore e a mesquita Wazir Khan, dentre outros. A era
colonial britânica assistiu à construção de edifícios do estilo indo-europeu,
com uma mescla de elementos europeus e indo-islâmicos. A identidade nacional
pós-colonial é expressa por estruturas modernas como a mesquita Faisal, o
Minar-e-Pakistan e o Mazar-e-Quaid.
Literatura
A atual literatura paquistanesa é composta em urdu,
sindi, panjabi, pachto, balúchi e inglês. No passado, também era expressa em persa.
Antes do século XIX, constituía-se de poesia lírica e material religioso,
místico e popular. Atualmente, o gênero de contos é particularmente popular. O
poeta nacional paquistanês, Muhammad Iqbal, escreveu principalmente em persa,
além de urdu, tratando de temas da filosofia islâmica.
O expoente mais conhecido da literatura urdu
contemporânea é Faiz Ahmed Faiz. Mirza Kalich Beg é considerado o pai da prosa
sindi moderna. A tradição literária pachta contém poesia lírica e poemas
épicos. Na língua balúchi, canções e baladas são populares.






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